quarta-feira, 30 de março de 2011

há um segredo...



"Há um segredo
Atrás de cada porta
Há um sorriso
Que só os amantes
Reconhecem.

Há uma porta
Que só um sorriso
Pode abrir."

Ângela F.Marques

hoje é certo



"Amanhã
não sei.
Não o soube
ontem.
Mas HOJE É CERTO
HOJE É PARA SEMPRE."

Miriam Portela


[...]
"Dentro da alma,
Lá bem no centro,
Pousado numa pata
Está um pássaro.
E o nome do pássaro é pássaro da alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos:

Quando alguém nos magoa,
o pássaro da alma agita-se para lá e para cá.
Em todos os sentidos do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
O pássaro da alma dá pulinhos
De contente,
Para trás e para a frente,
Vai e vem.
[...]
E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós,
e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão
encerrados nas gavetas dentro de nós.

Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.

Por isso vale a pena
talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
no fundo, lá bem no fundo do corpo."

Michal Snunit - O Pássaro da Alma

sexta-feira, 25 de março de 2011

meia noite



" Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto
É REALIDADE "


Raul Seixas - Prelúdio
imagem - flickr.com

presença



"Entra-me em casa o murmúrio do mar
e ao fim da tarde assoma na janela
uma gaivota que me vem deixar
a mensagem mais simples, mais singela,
que podia na vida desejar:

esta certeza de que estás comigo
mesmo quando te ausentas e eu invento
mil e uma formas de escutar no vento
o eco das palavras que te digo."

Torquato da Luz

quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

azuis



" Os azuis da ternura
nunca se esgotam

ora um pouco mais
mesmo um pouco menos

os azuis
da ternura

PERMANECEM "

Joaquim Alves


"algumas pessoas não dizem nada.
não são nem mudas nem introvertidas,
dizem apenas o necessário.
flutuando na superfície do discurso
é assim que vivem toda a sua vida.
algumas pessoas são como epitáfios,
longos anos reduzidos a uma frase ou duas."

Han Dong - poema chinês

terça-feira, 15 de março de 2011



LEMBRA-TE SEMPRE...
Quando tu amas alguém e de alguma maneira agiste de modo errado para com ela, amar é reconheceres esse erro, desculpares-te a ti mesmo por essa imprudência e ousares de novo recomeçar. Novo nos teus actos e mais forte nesse amor. E se a outra pessoa julgar que não foste perfeito, lembra-lhe que a única perfeição a que se permite o amor é, não a do perdão mas a da consciência que sabe imperfeito o outro e que não deixa que tal facto abale o que verdadeiramente se sente se o ama. Tudo o resto é passado. E há passados que ficam, porque nos são gratos recordar em alguns momentos apenas e há passados que passaram mesmo, por não terem para recordar momento nenhum.

Eduardo White


Pego num pedaço de silêncio. Parto-o ao meio,
e vejo saírem de dentro dele as palavras que
ficaram por dizer. Umas, meto-as num frasco
com o álcool da memória, para que se
transformem num licor de remorso; outras,
guardo-as na cabeça para as dizer, um dia,
a quem me perguntou o que significavam.
Mas o silêncio de onde as palavras saíram
volta a espalhar-se sobre elas. Bebo o licor
do remorso; e tiro da cabeça as outras palavras
que lá ficaram, até o ruído desaparecer, e só
o silêncio ficar, inteiro, sem nada por dentro.

Nuno Júdice - Exercício


"As coisas simples dizem-se depressa ; tão depressa
que nem conseguimos que as ouçam. As coisas
simples murmuram-se; um murmúrio
tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.
As coisas simples escorrem pela prateleira
da loja; tão ao de leve que ninguém
as compra. AS COISAS SIMPLES FLUTUAM COM O VENTO;
TÃO ALTO, QUE NÃO SE VÊM.
São assim as coisas simples:
tão simples como o sol que bate nos teus olhos,
para que os feches, e as coisas simples passem
como sombra sobre as tuas pálpebras."

Nuno Júdice - Tarde com sol

quinta-feira, 10 de março de 2011



"Não faz mal que amanheça devagar,
as flores não têm pressa nem os frutos:
sabem que a vagareza dos minutos
adoça mais o outono por chegar.
Portanto não faz mal que devagar
o dia vença a noite em seus redutos
de leste -
o que nos cabe é ter enxutos
os olhos e a intenção de madrugar."

Geir Campos


"Afinal deste dia fica o que de ontem ficou e ficará de amanhã:
a ânsia insaciável e inúmera de ser sempre o mesmo e outro."

Bernardo Soares

terça-feira, 8 de março de 2011



"Há noites em que morremos de tristeza,
à espera que uma estrela nos rebente no olhar.
Depois, pela manhã, amontoam-se-nos, na boca,
gritos de combate, como se tivéssemos, no colo,
uma criança correndo perigo."

Graça Pires

segunda-feira, 7 de março de 2011



Tenho um baú, onde guardo o que sobrou dos meus sonhos. Onde guardo a rosa que tu me deste...
Era amarela a rosa que tu me deste. Para selar um ciclo. Assim disseste. Mas como selar um ciclo que nunca teve princípio?
Era amarela a rosa que tu me deste. Agora, tem uma cor improvável. E um odor impossível. A provar a ambiguidade dos espaços afectivos sem tempo e sem espaço. Desejos proibidos.
Era amarela a rosa que tu me deste. E esta, que sendo a mesma é diferente, faz-me pensar que tudo muda. De lugar. De cor. De odor. De intenções. Mudam os sentimentos. Mudam as emoções. Muda toda a gente. E muda o desejo. O desejo que um dia ficará assim indefinido, como a rosa que me deste e era amarela. A provar também que talvez nada seja verdade.
E a rosa que tu me deste talvez não fosse amarela.
E talvez também não tenhas sido tu a dar-me.
E talvez mesmo não seja uma rosa...

Maria José Quintela


"Não sei como consigo
amar-te tanto
se querer-te assim na minha fantasia
é amar-te em mim
e não saber já quando
de querer-te mais eu vou morrer um dia
perseguir a paixão até ao fim é pouco
exijo tudo até perder-me
enquanto, e de tal jeito que desconhecia
poder amar-te ainda
um outro tanto"

Maria Teresa Horta
imagem - arte de Lilya Corneli


"Palavras são como flores, não existem nuas.
Visto as palavras com a cor das estações. Verdes na agitação interior que anuncia a Primavera. Azul na lucidez de Verão. Todos os tons de castanho na contradição dos dias que entram pelo Outono. Cinzento na teimosia das sombras que perseguem o Inverno.
Quanto ao vermelho, reservo-o para a estação da Paixão!"

Maria José Quintela - Um olhar não basta
imagem - arte de Cig Harvey

domingo, 6 de março de 2011

o que eu queria...





"o que eu queria
era ser o rio
aquele ainda puro
para sempre puro
e ir morrer no mar
sem precisar do sonho
porque um rio não sonha
o rio tão-só é
a alegria da morte
no reflexo do sal
o rio ensina o doce canto
da água do corpo
e aí, só aí, é simples
tão simples ser menina
sem o trovão fluvial
daquele amor
de dois rios a correrem
lado a lado
para o sol dos recifes
onde amado e amada
falam a língua esquecida
do mundo novo."

Ana Salomé

sábado, 5 de março de 2011



"Com os teus restos, com a tua música
faço amor. (...)
Raciocino, mas nada me conforta

tu não existes e eu não sobrevivo."

Teresa Balté
imagem - Franck Juery

quarta-feira, 2 de março de 2011



Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo

Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei não te persigo

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo

Maria Teresa Horta

devastador...



"Devastador é o temor das palavras
que desistim nos lábios
à beira de serem ditas.

mas não há salvação
quando se escolhe o silêncio para morrer."

Maria José Quintela


"Um dia perguntou-me:
Estudaste os teus mapas ? Conheces os caminhos ?
Olhei-a desconfiada e, cheia de medo de me perder,
DESENHEI-ME EM QUADRADO.
DESFIZ-ME EM QUILÓMETROS."

Filipa Leal

terça-feira, 1 de março de 2011



Faço com as mãos
o destino das coisas
que me cercam

Tomando devagar o tempo incerto
Quebro e desarrumo

PERCO

Maria Teresa Horta