sábado, 30 de janeiro de 2010
clandestinidade
Permanece em mim
como um segredo
e que ninguém escute
teu silêncio na minha boca
nem a linguagem de teus olhos
que em mim se inscreve
como poema
Torna-te clandestino
em meu país sem nome
e desenha em mim
o teu enigma
teu reverso
e teu verso sem tradução
Te exila em minha teia
me define com tua senha
perenizando em meu corpo
o teu mistério –
entre cortinas,
no refúgio exato dos lençóis.
[Maria Esther Maciel]
caetano veloso - mimar você
como um segredo
e que ninguém escute
teu silêncio na minha boca
nem a linguagem de teus olhos
que em mim se inscreve
como poema
Torna-te clandestino
em meu país sem nome
e desenha em mim
o teu enigma
teu reverso
e teu verso sem tradução
Te exila em minha teia
me define com tua senha
perenizando em meu corpo
o teu mistério –
entre cortinas,
no refúgio exato dos lençóis.
[Maria Esther Maciel]
caetano veloso - mimar você
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
um dia
Um dia quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,a tua pele será talvez
demasiado bela e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o inverno for tão distante,quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,nem o princípio de uma palavra,
para não estragar a perfeição da felicidade.
[José Luis Peixoto-a criança em ruínas]
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
mulheres
Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta
quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos
para suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta
quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos
para suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
domingo, 17 de janeiro de 2010
bem no fundo
no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nosso problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema,
sua senhora
e outros pequenos probleminhas
[Paulo Leminski]
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nosso problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema,
sua senhora
e outros pequenos probleminhas
[Paulo Leminski]
sábado, 16 de janeiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
amor total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
a bíblia
A Bíblia já dizia
Pra quem sabe entender
Que há tempo de alegria
Que há tempo de sofrer
Que o tempo só não conta
Pra quem não tem paixão
E que depois do encontro
Sempre tem separação
Que o dia que é da caça
Não é do caçador
E que na alternativa
Viva e viva
E viva o amor
A gente vem da guerra
Pra merecer a paz
Depois faz outra guerra
Porque não pode mais
E deixa andar e deixa andar
Até a guerra terminar
Vamos curtir, vamos cantar
Até a guerra se acabar
Vinícius de Moraes
in poesia completa e prosa:Cancioneiro
Pra quem sabe entender
Que há tempo de alegria
Que há tempo de sofrer
Que o tempo só não conta
Pra quem não tem paixão
E que depois do encontro
Sempre tem separação
Que o dia que é da caça
Não é do caçador
E que na alternativa
Viva e viva
E viva o amor
A gente vem da guerra
Pra merecer a paz
Depois faz outra guerra
Porque não pode mais
E deixa andar e deixa andar
Até a guerra terminar
Vamos curtir, vamos cantar
Até a guerra se acabar
Vinícius de Moraes
in poesia completa e prosa:Cancioneiro
sábado, 9 de janeiro de 2010
amar teus olhos
Podia com teus olhos
escrever a palavra mar.
Podia com teus olhos
escrever a palavra amar
não fossem amor já teus olhos.
Podia em teus olhos navegar
conjugar os verbos dar e receber.
Podia com teus olhos
escrever o verbo semear
e ser tua pele
a terra de nascer poema.
Podia com teus olhos escrever
a palavra além ou aqui
ou a palavra luar,
recolher-me em teus olhos de lua
só teus olhos amar.
Podia em teus olhos perder-me
não fossem, amor, teus olhos,
o tempo de achar-me.
Carlos Melo Santos-Lavra de Amor
escrever a palavra mar.
Podia com teus olhos
escrever a palavra amar
não fossem amor já teus olhos.
Podia em teus olhos navegar
conjugar os verbos dar e receber.
Podia com teus olhos
escrever o verbo semear
e ser tua pele
a terra de nascer poema.
Podia com teus olhos escrever
a palavra além ou aqui
ou a palavra luar,
recolher-me em teus olhos de lua
só teus olhos amar.
Podia em teus olhos perder-me
não fossem, amor, teus olhos,
o tempo de achar-me.
Carlos Melo Santos-Lavra de Amor
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quando...
Quando uma criança morre
o anjo de Deus desce do céu
estende suas asas brancas
e com a criança sobrevoa
campos garoados onde brincou,
onde deu risadas e borboletas acariciou,
onde colheu flores e chamou:
mãe, mãe, olha, são para você!
e a criança sorri nos braços do anjo,
e Deus aplaude.
Quando um velho morre
o anjo de Deus desce do céu
estende suas asas brancas
e o velho reza os Cânticos
ainda a procura de amor,
e do Gênesis seus sonhos do passado,
dos Eclesiastes o desespero,
o anjo o segura impaciente,
o velho grita: espera! espera!
e Deus chora.
Iosif Landau - Confissões
o anjo de Deus desce do céu
estende suas asas brancas
e com a criança sobrevoa
campos garoados onde brincou,
onde deu risadas e borboletas acariciou,
onde colheu flores e chamou:
mãe, mãe, olha, são para você!
e a criança sorri nos braços do anjo,
e Deus aplaude.
Quando um velho morre
o anjo de Deus desce do céu
estende suas asas brancas
e o velho reza os Cânticos
ainda a procura de amor,
e do Gênesis seus sonhos do passado,
dos Eclesiastes o desespero,
o anjo o segura impaciente,
o velho grita: espera! espera!
e Deus chora.
Iosif Landau - Confissões
escolha
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio
seja como for
A esperança me chama,
e eu salto a bordo
como se fosse a primeira viagem.
Se não conheço os mapas,
escolho o imprevisto:
qualquer sinal é um bom presságio.
Seja como for, eu vou,
pois quase sempre acredito:
ando de olhos fechados
feito criança brincando de cega.
Mais de uma vez saio ferida
ou quase afogada,
mas não desisto.
A dor eventual é o preço da vida:
passagem, seguro e pedágio.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
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