sábado, 28 de maio de 2011



"...como raízes secas amam a chuva.
Podia abraçar-te
como ramos ao vento
agarram suas pétalas.

Perdoa-me
por ser tão breve."

Alberto Soares

amor e morte:

quinta-feira, 26 de maio de 2011


paixão



"A vida ou é paixão ou não interessa,
tudo o mais é somente imitação
e, por mais que dês voltas à cabeça,
não acharás outra razão
que dê sentido a esta caminhada
de aparente rumo ao nada.

Apenas a paixão sabe explicar
o que não tem qualquer explicação:
esta urgência de se dar
sem supor compensação."


Torquato da Luz


" Não se prende o amor com pregos, ao coração.
DAÍ SUA FRAGILIDADE."

Gonçalo M. Tavares

terça-feira, 24 de maio de 2011

há uma dor...



" Há uma dor
que não tem limite ou cura
não não tem

cravada no mais fundo da loucura
sobe à garganta
invade a mão
é como se estivéssemos possessos
e sem nada possuirmos
a não ser essa dor
que não tem limite ou cura

apenas um sorriso
inesperadamente aberto"

Joaquim Alves

sábado, 21 de maio de 2011


ficar ou ir...



"ficar
ou ir contigo

a diferença
entre encontrar-me

e perder-me

onde
não sei se estou "

Joaquim Alves


"Descubro-me ainda
no que pensava
já ter encontrado"

Rui de Morais



"Esquecemos tanta coisa,
até mesmo o tempo
das horas mais amargas.

Sozinhos
somos gotas pressentidas
num azul de estrelas apagadas"

Alberto Soares


"Não envenenem mais
o peso
das coisas sem idade.

Deixem-nas
amorosamente repousadas,
levemente esquecidas,
levemente lembradas

- um lago calmo
de águas densas e paradas."

Alberto Soares - arpose

quinta-feira, 19 de maio de 2011



" Sem qualquer pudor, deixei a marca, do meu andar
apressado, em todos os caminhos de esperas decisivas.
Algo envelheceu nos meus pés, manchados pelo desacerto
dos dias. De tanto percorrer o chão da infância,
as minhas pálpebras encheram-se da lucidez dos velhos.
Não creio que os dias se revezem,
inevitavelmente, iguais.
As papoilas secam-me nos olhos,
Sinal de sede, ou de um verão antigo inquietando a boca? "

Graça Pires



Hello
I've had you on my mind
For hours there's no doubt
And there's no use wasting time...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

"repensar é consertar"



Eu volto palavras, gestos e sentimentos. Mudam tempos, momentos, situações, mundo… Por que não mudo eu ? Livrai-me do engessamento burro da prepotência ! PEÇO DESCULPAS E ME SINTO ALIVIADA. Se o outro vai desculpar ou não depende do grau de irredutibilidade dele. AÍ JÁ NÃO É COMIGO. REPENSAR É CONSERTAR. EU NÃO SOU SEMPRE DA MINHA OPINIÃO. CONSIDERO A SUA e, se for o caso, RECONSIDERO A MINHA."

Paul Valéry


Com os meus amigos aprendi que

o que dói às aves
Não é o serem atingidas, mas que,
Uma vez atingidas,
O caçador não repare na sua queda"

Daniel Faria

terça-feira, 17 de maio de 2011




"Veja como eu vôo
No mar, como no céu...

VOCÊ ME LIBERTA"

( Emilie Simon - Song of the Sea )


O menino que escrevia versos

" De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei? "

Mia Couto - O Fio das Missangas


" A vida é demasiado preciosa
para ser esbanjada
num mundo desENCANTADO."

Mia Couto

segunda-feira, 16 de maio de 2011




"a sensibilidade é uma questão
de absorção
(...)
não está nas lágrimas
mas nos poros"

Pedro Jordão


"deixei cair o teu cabelo
na minha mão e a minha boca
no teu sorriso e desse beijo
sem fim inventámos um início
(...)
o amor é muito simples"

Pedro Jordão

quem és ?



"a vida não vem com versão de teste.
é pena.
não se ensaia o beijo
como se mente na fotografia.
os passos podem ser assumidos
ou remediados. mas não desfeitos.
não adiados.
o tempo não pára e estar parado
é também uma escolha.
quando o futuro se torna passado
é aí que surgem as respostas.
demasiado tarde por vezes.
SERÁ TALVEZ FÁCIL DIZER
nos teus braços me encontro
DIFÍCIL SERÁ SABER
QUEM ÉS
E QUE BRAÇOS SÃO OS TEUS.
ARRISCAREI.
na palavra não mora coragem alguma.
qualquer covarde arrisca quando respira."

Pedro Jordão

domingo, 15 de maio de 2011

sábado, 14 de maio de 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Meia culpa, meia própria culpa


" A missanga, todas a vêem.
Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas.
Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo."

(…) Nunca quis. Nem muito, nem parte. Nunca fui eu, nem dona, nem senhora. Sempre fiquei entre o meio e a metade. Nunca passei de meios caminhos, meios desejos, meia saudade. Daí o meu nome: Maria Metade.

Fosse eu invocada por voz de macho. Fosse eu retirada da ausência por desejo de alguém. Me tivesse calhado, ao menos, um homem completo, pessoa acabada. Mas não, me coube a metade de um homem. Se diz, de língua girada: o meu cara-metade. Pois aquele, nem meu, nem cara. E se metade fosse, não seria só a cara, mas todo ele, um semimacho. Para ambos sermos casal, necessitaríamos, enfim, de sermos quatro.

A meu esposo chamavam de Seis. Desde nascença ele nunca ascendeu a pessoa. Em vez de nome lhe puseram um número. O algarismo dizia toda a sua vida: despegava às seis, retornava às seis. Seis irmãos, todos falecidos. Seis empregos, todos perdidos.

E acrescento um segredo: seis amantes, todas actuais. Das poucas vezes que me falou, nunca paramim olhou. Estou ainda por sentir seus olhos pousarem em mim. Nem quando lhe pedi, em momento de amor: que me desaguasse uma atenção. Ao que retorquiu:

- Tenho mais onde gastar meu tempo.

Engravidei, certa vez. Mas foi semiprenhez. Desconcebi, em meio tempo, meio sonho, meia esperança.
O que eu era: um gasto, um extravio de coisa nenhuma. Depois do aborto, reduzida a ninguém, meu sofrer foi ainda maior. Sendo metade, sofria pelo dobro…”

Meia culpa, meia própria culpa in:
Mia Couto. O fio das missangas.
fonte: blog companhia de aprendizagem

terça-feira, 10 de maio de 2011


um dia talvez...



"a memória é hoje uma ferida
levaste somente o fogo que atearas dentro de mim
no entanto, recordo:
deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói.
mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto,
fecho os olhos,
o corpo e a alma latejam de dor."


Al Berto

simetria




Symmetry from Everynone on Vimeo.


"...que estarei sempre contigo,
nas tempestades e nas horas calmas,
que todas as palavras que te digo
saem das profundezas da minha alma.

Sabes bem que em mim tens o ombro amigo
que falta a tanta gente e dá origem
ao mal do mundo, acentuando o perigo
da súbita cedência ante a vertigem.

Mas, como o amor nem sempre é uma troca,
embora saiba tudo o que tu sabes,
não alimento grandes ilusões.

Eu só quero, afinal, da tua boca
os risos e as palavras mais suaves
para todas as minhas estações."

Torquato da Luz

domingo, 8 de maio de 2011



" Hoje que a memória me dói
Deixa-me recostar no teu colo
E ser eu a filha, outra vez..."

Lídia Borges

sábado, 7 de maio de 2011



"I miss the way you
I miss the way you danced with me"


...
"Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
...
E desse que era meu já me não lembro...

Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos!..."


Florbela Espanca - Esquecimento


" As vezes é preciso dar de comer à alegria.
pra que ela não amanheça morta na gaiola."

Eduardo Baszczyn



" Há mil razões
para sim
e mil razões
para não

todas translúcidas
lógicas
seguras
racionais
E OBSCURAS "

Cruzeiro Seixas


...

"Qualquer distância
entre tu e eu
é a única e magnífica existência
do nosso amor que se devora sorrindo"

Mário-Henrique Leiria - origem dos sonhos esquecidos
(Imagem : filme Candy)

quinta-feira, 5 de maio de 2011



...

" Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar... "

Florbela Espanca


Trair

"tuas palavras,
teus pedidos,
teu amor,

percorrem-me
tornando líquido o corpo
e fraca a vontade;
o pensamento a trair-me
A DECISÃO TOMADA."

Silvia Chueire

quarta-feira, 4 de maio de 2011


...abraçada a mim



" Gosto de me deitar
sem sono
para ficar
a lembra-me
das coisas boas
deitada
dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim "

Adília Lopes

A Invenção do Amor



"...Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com caracter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo

da monotonia quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos

e coração e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo..."


Daniel Filipe

domingo, 1 de maio de 2011

dancemos...



"Dancemos
pelas nebulosas
com a música
que só nós sabemos
inaudíveis
invisíveis
os nossos movimentos."

Rui de Morais

o canto e as armas




É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser LIVRE, LIVRE, LIVRE.

Manuel Alegre
Poema: Letra para um hino