sábado, 24 de dezembro de 2011



"Que haja sempre espaço para muito amor, paz e
alegria, no coração
de todos nós."

Boas Festas e um Feliz 2012!!!


"Conhecer alguém aqui e ali
que pensa e sente como nós,
e que embora distante, está perto em espírito,
eis o que faz da Terra um jardim habitado."

Goethe


"Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições…

Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
… a um belo poema – ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!"

Mario Quintana

Fuga


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011



"Em cada instante renasço
A desaguar em novos instantes
Trago em mim e refaço
Tudo do ainda antes

Em mim
Sou ainda aquele outro antes
Para poder assim
Renascer em novos instantes

Ao renascer em cada instante
Trago essa essência de ser
Poder ainda me reconhecer
E ver-me renascer em cada instante"

Nuno Teixeira de Sousa

Renúncia



"Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre a tua alma nas tuas mãos
E abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nesse último gesto!"

Cecília Meireles

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011



MEDO DA FELICIDADE:
estremecemos juntos...
Que Potência má será a soberana
desse vento frio que passou? (...)

Guimarães Rosa


Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.

Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.

Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

Fernando Pessoa


domingo, 18 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Prece



"Concede-me, Senhor, a graça de ser boa,
De ser o coração singelo que perdoa,
A solícita mão que espalha, sem medidas,
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira d'alma alheia o espinho que magoa"

Helena Kolody

Mergulho



"Almejo mergulhar
na solidão e no silêncio,
para encontrar-me
e despojar-me de mim,
até que a Eterna Presença
seja a minha PLENITUDE"

Helena Kolody

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

É assim, a musica



"A música é assim: pergunta,
Insiste na demorada interrogação
-- sobre o amor?, o mundo?, a vida?
Não sabemos, e nunca
nunca o saberemos.
Como se nada dissesse vai
afinal dizendo tudo.
Assim: fluindo, ardendo até ser.
Fulguração – por fim
o branco silêncio do deserto.
Antes porém, como sílaba trémula,
volta a romper, ferir,
acariciar a mais longínqua das estrelas."

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



" Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias.
Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei,
e estou indo preenchê-la com coisas novas.
Sensações novas, situações novas, pessoas novas.

TUDO NOVO! "

vulnerabilidade



"folhas caem
ao mais leve sopro
iguais as pessoas
muito preocupadas
com o olhar dos outros."

Líria Porto

cegueira bendita



"Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e não saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!

Não vejo nada, tudo é morto e vago…
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
´Stendendo as asas brancas cor do sonho…

Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo
E não ver nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!…

E chamam-nos a nós Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!"

Florbela Espanca - A mensageira das violetas

sábado, 10 de dezembro de 2011

significado



"No poema e
nas nuvens,
cada qual descobre
o que deseja ver."

Helena Kolody

Ainda que mal



"Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entendas,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda, assim, pergunto:
me amas?
E me queimando em teu seio,
me salvo e me dano...
... de amor."

Drummond

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011



O MOMENTO

"O trabalho toma as pernas e braços
dos homens todos os dias,
enche-lhes as horas de ocupações.
Eles pensam que são responsáveis
e que todos os jardins existem em função deles.

Nós calamos a ânsia de liberdade,
calamos o olhar atrás das burkas,
a boca cerrada, a alma em torvelinho.
E fingimos, os poemas encerrados nas mãos,
quase não existir.

Maternalmente cuidamos dos homens
com os olhos distraídos nas panelas e crianças
e regamos cada face masculina de vaidade.
Mas sabemos que as flores e as crianças nascem
porque as acalentamos e aos homens neste amor.
Alimentamos seus sonhos de superioridade
despidas de orgulho,
pela sobrevivência do que foi sempre ensinado,
A sabedoria disfarçada na arquitetura diária.

E tecemos nossas estratégias
a esperar o momento melhor.
O momento do grito,
da liberdade.
O momento."

Silvia Chueire


"às vezes

a vida é um sono
- um sonho ? –
imagens difusas e paradas
dias e noites em infusão
no tempo

olhamos para ela
os olhos descrentes
de que possa começar a andar

quando menos percebemos
carrega-nos para além de nós."

Silvia Chueire

terça-feira, 29 de novembro de 2011

as lições



"Ensinaram-me a falar
aprendi a escrever.
Ensinaram-me a escrever
aprendi a falar.
Ensinaram-me a ler
aprendi a ver.
Ensinaram-me a ouvir
aprendi a calar.
Ensinaram-me a pedir
aprendi a dar.
Ensinaram-me a comprar
aprendi a ter.
Ensinaram-me a beber
aprendi a rir.
Ensinaram-me a fugir
aprendi a ficar.
Ensinaram-me a aprender
aprendi a ignorar.
Ensinaram-me a amar
aprendi a criar.
Ensinaram-me a viver
aprendi a morrer.
Ensinaram-me a estar só
aprendi a estar.
Ensinaram-me a ser livre
aprendi a ser."

Ana Hatherly

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

reflexão





"Amar não acaba.
É como se o mundo estivesse à minha espera.
E eu vou ao encontro do que me espera."

Clarice Lispector



"construíste a tua casa
emplumaste os teus pássaros
golpeaste o vento
com os teus próprios ossos

acabaste sozinha
o que ninguém começou"

Alejandra Pizarnik

Os tempos



"Os tempos mudam na mudança dos tempos
Só a mudança faz-nos crer que são outros tempos
Os tempos vão e não voltam mais
Uns ficam com o tempo, e não voltam
Outros ficam no tempo que não volta
Os tempos trazem mudanças para quem quer mudar
Só terá novos tempos quando se mudam os velhos tempos"

Japone Arijuane
(Maputo,Moçambique)

http://revistaliteratas.blogspot.com/

sábado, 19 de novembro de 2011



"nunca poderia crer
numa nova delicadeza.

e não é que ela existe ?

há sempre gestos
que desconhecemos."

Silvia Chueire

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Auto-quotidiano




"Há vezes que a tristeza faz me muito feliz
Quando triste lembro a felicidade vivida
Nunca da tristeza que vivo.
Felicidade é bem compreendida quando se esta triste
Minha vida é o lado feliz da tristeza "

Jopone Arijuane
( Moçambique )


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhámos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixámos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente connosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lua de Papel



"Se eu cantasse o amor sem resultado ou causa,
seria mais sensata: chegava-me uma lua de papel,
um par de braços lisos, conformados

Se eu cantasse o amor sem causa ou resultado,
tinha muito mais paz: fingida em luas-cheias,
seria mais sensata e decerto poeta bem melhor

Assim o que me resta é lua cheia a trans-
bordar de tridimensional. A paz a falhar toda
e eu resolvida em causa a insistir papel.

E amor. "

Ana Luísa Amaral

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

silêncio amoroso




"Preciso do teu silêncio
cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fale.
Um sopro, a menor vogal
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai rachar.
O silêncio, aprendo,
pode construir. É um modo
denso/tenso
- de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar."

domingo, 13 de novembro de 2011



"Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen"

Natália Correia

quarta-feira, 9 de novembro de 2011



"Quando conseguiu enxugar a mágoa,
a vida voltou a fluir.

Que mágoa é água que não leva.
Que mágoa é água que não lava.
Que mágoa é água estagnada."

Ana Jácomo - Limo

quarta-feira, 2 de novembro de 2011



"Temos asas viradas para dentro
ninguém é só bom ou ruim

pensem o que pensem
assim somos

mestiços de anjo
e demônio"

Líria Porto



"Fica
é a mais bonita das palavras desesperadas."

Pedro Jordão


a verdade

tem um jeito justo
de dizer as coisas
tudo assim - na lata

de tão diminuto
um segundo basta
e não se discute


(amo-te)

Líria Porto

segunda-feira, 31 de outubro de 2011



é sempre assim

"acorda-se com um dia a menos
e uma longa vida cada vez
mais curta"

Líria Porto


...Drink a toast to the sun
To the things that never go,
To the break of the day
That is all that I say


"PAUSA
Cantos de silêncio me acalentam."

Líria Porto


"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém
que o que mais queremos
é tirar essa pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la."

Clarice Lispector

terça-feira, 25 de outubro de 2011



...I don't care what the people may say
What the people may say about me...


"Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só..."

Florbela Espanca


CÚMPLICE

"eu tenho um caso comigo
faço-me companhia
dou-me livros jóias mimos
raramente há uma briga
quando acontece perdoo-me
levo-me a um passeio
permito-me breves namoros
e ao fim de tudo concluo
melhor para mim
só eu mesma
:
ainda bem que o consigo"

Líria Porto

quinta-feira, 20 de outubro de 2011



“De repente as coisas não precisam mais fazer sentido.
SATISFAÇO-ME EM SER. TU ÉS ?
Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas
me faz ter um sorriso de complacência.
De certo tudo deve estar sendo o que é.”

Clarice Lispector

(Debaixo da roupa, estamos todos nus)

"Emociono-me com a inocência daqueles que não percebem
que tudo é definitivo e deixa marcas.
(...)
Sei que tudo é definitivo e nada é eterno."

José Luís Peixoto

dança de não-posse



Como eram ambos jovens e se moviam ainda às cegas nas
franjas dos seus próprios desejos, a dança que faziam juntos não
era uma dança em que tomavam posse um do outro, mas uma
espécie de minuete, cujo objectivo consistia não em apropriar-se,
não em agarrar, não em tocar, mas em permitir que o máximo de
espaço e distância fluísse entre eles. Mover-se em sintonia, sem
colisões, sem se fundirem. Descrever circulos, fazer vénias em
sinal de devoção, rir dos mesmos absurdos, troçar dos seus próprios
movimentos, lançar sobre as paredes sombras gémeas que nunca
se tornariam uma só. Dançar em redor desse perigo: o perigo de
se tornarem um só! Dançar confinando-se cada um ao seu próprio
caminho. Permitir o paralelismo, mas sem que um se perdesse
dentro do outro. Brincar ao casamento, a par e passo, ler o mesmo
livro juntos, dançar uma dança de evasão na orla do desejo, per-
manecer dentro de círculos de luz sublimada, sem tocar
no âma-go que deitaria fogo ao circulo.
_____Uma hábil dança de não-posse.

Anaïs Nin

segunda-feira, 17 de outubro de 2011



A vida, não tentes compreendê-la,
e então ela será como uma festa.
E que cada dia te aconteça
como a uma criança que, ao caminhar,
de cada sopro de vento
vai recebendo presentes de flores.

Apanhá-las e guardá-las,
nem nisso pensa a criança.
Tira-as devagar do cabelo
onde se sentiam tão bem,
e estende as mãos aos jovens anos
para receber novas flores.

Rainer Maria Rilke


"O amor verdadeiro começa
lá onde não se espera mais nada em troca."

Antoine de Saint-Exupéry