quinta-feira, 26 de maio de 2011
paixão

"A vida ou é paixão ou não interessa,
tudo o mais é somente imitação
e, por mais que dês voltas à cabeça,
não acharás outra razão
que dê sentido a esta caminhada
de aparente rumo ao nada.
Apenas a paixão sabe explicar
o que não tem qualquer explicação:
esta urgência de se dar
sem supor compensação."
Torquato da Luz
terça-feira, 24 de maio de 2011
há uma dor...
sábado, 21 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011

" Sem qualquer pudor, deixei a marca, do meu andar
apressado, em todos os caminhos de esperas decisivas.
Algo envelheceu nos meus pés, manchados pelo desacerto
dos dias. De tanto percorrer o chão da infância,
as minhas pálpebras encheram-se da lucidez dos velhos.
Não creio que os dias se revezem,
inevitavelmente, iguais.
As papoilas secam-me nos olhos,
Sinal de sede, ou de um verão antigo inquietando a boca? "
Graça Pires
quarta-feira, 18 de maio de 2011
"repensar é consertar"

Eu volto palavras, gestos e sentimentos. Mudam tempos, momentos, situações, mundo… Por que não mudo eu ? Livrai-me do engessamento burro da prepotência ! PEÇO DESCULPAS E ME SINTO ALIVIADA. Se o outro vai desculpar ou não depende do grau de irredutibilidade dele. AÍ JÁ NÃO É COMIGO. REPENSAR É CONSERTAR. EU NÃO SOU SEMPRE DA MINHA OPINIÃO. CONSIDERO A SUA e, se for o caso, RECONSIDERO A MINHA."
Paul Valéry
terça-feira, 17 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
quem és ?

"a vida não vem com versão de teste.
é pena.
não se ensaia o beijo
como se mente na fotografia.
os passos podem ser assumidos
ou remediados. mas não desfeitos.
não adiados.
o tempo não pára e estar parado
é também uma escolha.
quando o futuro se torna passado
é aí que surgem as respostas.
demasiado tarde por vezes.
SERÁ TALVEZ FÁCIL DIZER
nos teus braços me encontro
DIFÍCIL SERÁ SABER
QUEM ÉS
E QUE BRAÇOS SÃO OS TEUS.
ARRISCAREI.
na palavra não mora coragem alguma.
qualquer covarde arrisca quando respira."
Pedro Jordão
domingo, 15 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Meia culpa, meia própria culpa
" A missanga, todas a vêem.
Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas.
Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo."
(…) Nunca quis. Nem muito, nem parte. Nunca fui eu, nem dona, nem senhora. Sempre fiquei entre o meio e a metade. Nunca passei de meios caminhos, meios desejos, meia saudade. Daí o meu nome: Maria Metade.
Fosse eu invocada por voz de macho. Fosse eu retirada da ausência por desejo de alguém. Me tivesse calhado, ao menos, um homem completo, pessoa acabada. Mas não, me coube a metade de um homem. Se diz, de língua girada: o meu cara-metade. Pois aquele, nem meu, nem cara. E se metade fosse, não seria só a cara, mas todo ele, um semimacho. Para ambos sermos casal, necessitaríamos, enfim, de sermos quatro.
A meu esposo chamavam de Seis. Desde nascença ele nunca ascendeu a pessoa. Em vez de nome lhe puseram um número. O algarismo dizia toda a sua vida: despegava às seis, retornava às seis. Seis irmãos, todos falecidos. Seis empregos, todos perdidos.
E acrescento um segredo: seis amantes, todas actuais. Das poucas vezes que me falou, nunca paramim olhou. Estou ainda por sentir seus olhos pousarem em mim. Nem quando lhe pedi, em momento de amor: que me desaguasse uma atenção. Ao que retorquiu:
- Tenho mais onde gastar meu tempo.
Engravidei, certa vez. Mas foi semiprenhez. Desconcebi, em meio tempo, meio sonho, meia esperança.
O que eu era: um gasto, um extravio de coisa nenhuma. Depois do aborto, reduzida a ninguém, meu sofrer foi ainda maior. Sendo metade, sofria pelo dobro…”
Meia culpa, meia própria culpa in: Mia Couto. O fio das missangas.
fonte: blog companhia de aprendizagem
terça-feira, 10 de maio de 2011

"...que estarei sempre contigo,
nas tempestades e nas horas calmas,
que todas as palavras que te digo
saem das profundezas da minha alma.
Sabes bem que em mim tens o ombro amigo
que falta a tanta gente e dá origem
ao mal do mundo, acentuando o perigo
da súbita cedência ante a vertigem.
Mas, como o amor nem sempre é uma troca,
embora saiba tudo o que tu sabes,
não alimento grandes ilusões.
Eu só quero, afinal, da tua boca
os risos e as palavras mais suaves
para todas as minhas estações."
Torquato da Luz
sábado, 7 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A Invenção do Amor

"...Em letras enormes do tamanho
do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com caracter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo
da monotonia quotidiana
Um homem e uma mulher que tinham olhos
e coração e fome de ternura
e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado
Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo..."
Daniel Filipe
domingo, 1 de maio de 2011
o canto e as armas

É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!
É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser LIVRE, LIVRE, LIVRE.
Manuel Alegre
Poema: Letra para um hino
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