Entendo a metade das frases
e adivinho o resto.
O homem nunca é pedra.
O homem nunca é perda.
Era um Natal chuvoso.
Esfregava o vidro
como quem termina uma carta.
O rio encostava na parede
para se ouvir.
A memória guarda o essencial
e elimina as datas.
A memória não decora sua rua.
Arrumamos a mesa.
Colocamos velas e nozes.
Provocamos o fogo
como quem amola facas.
Cantamos a noite inteira.
Se faço silêncio hoje,
ainda escuto o trincar
dos copos, dos dentes,
a gritaria dispersa,
o abraço sem fechar o pouso, o pouco.
Improvisava o que eu seria.
Minhas roupas viveram demais
para voltar ao meu corpo.
sábado, 31 de outubro de 2009
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