sábado, 24 de outubro de 2009

Para Cris

Agora escrevo pássaros.
Não os vejo chegar,
não escolho,
de repente estão aí,
um bando de palavras
a pousar
uma
por
uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas,
chuva de asas,
e eu sem pão para dar,
tão somente
deixo-os vir. Talvez
seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.
[Julio Cortázar]

Tradução,
Sidnei Schneider
(Cinco ultimos poemas para Cris,
Salvo el Crepúsculo 1984)

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