"Desando a Rir"
É difícil explicar uma alegria.
É fácil explicar uma tristeza.
Uma alegria é descoberta.
Tristeza é invenção.
Queria dormir como uma criança
que não quer dormir.
Há dias tão cansados que me escapa o sono.
O rosto de quem dorme demais
é o mesmo rosto de quem dorme de menos.
As olheiras são fundas como um convés inclinado.
Quando não penso, desando a rir.
Amar um corpo não é deixar acontecer,
amar um corpo é concentração.
É procurar no corpo o que o corpo não vê.
É enxergar onde a respiração se repete em música.
Ser natural é mais do que ser espontâneo.
Ser natural é esquecer.
Ser espontâneo é tentar esquecer.
Existir é uma violência.
A gente escreve para existir menos.
Ao escrever, a gente escolhe.
Ao existir, a gente é escolhido.
Ter consciência não me fez mais prevenido.
Minhas mãos são joelhos sentados.
Não sou o que aprendi.
Sou o que falta aprender.
Fabrício Carpinejar
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
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