sexta-feira, 6 de agosto de 2010

soubesse eu...



soubesse eu dos dias verdes
em que a música é tão distante
e o mar rebelado;

soubesse eu do que me esperava,
enquanto escrevia palavras,
com a boca a servir de paleta e pincel
em desenhos perdidos
em ti;

soubesse eu do vendaval que havia de vir,
depois daquelas horas nas quais corremos soltos
pela relva
na felicidade sem palavras com palavras
de um amor desmedido;

soubesse eu de todas as coisas
que ainda hoje desconheço,
e não fosse um rio a desaguar no oceano
e não tivesse olhos glaucos e crédulos
num corpo que navegava livremente;

soubesse eu que certas coisas tu não sabias
e do vasto porto mar a avistar-se de santa luzia;

teria dado os exatos mesmos passos,
entregues ao vermelho da paixão.


Silvia Chueire
imagem - flickr.com

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