quarta-feira, 10 de março de 2010

A jaula



Lá fora faz sol.
Nada além de um sol
mas os homens o olham
e depois cantam.

Nada sei do sol.
Sei da melodia do anjo
e do sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora
quando a morte pousa nua
em minha sombra.

Choro sob meu nome.
Agito lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
dançam comigo.

Escondo pregos
para zombar de meus sonhos doentes.

Lá fora faz sol.
Eu me cubro de cinzas.

Alejandra Pizarnik
fonte:Estadão.com.br

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