Eu não sei se a luz na infância
é uma casa ou uma coisa.
Um brinquedo ou um lugar
onde se acolhem
as primeiras sementes do exílio.
Sei que minha filha
se senta nela, nessa luz menina.
São sentinela uma da outra.
E regresso
à luz que foi minha,
gentil e se partiu.
Regresso
à luz branca do mar
à luz macia dos poços da noite
ao fogo efémero que afagou
as fendas do corpo.
Saltam
peixes, precipitam-se no ar
com suas bocas sedentas
de luz — a minha também.
Apodrecem
restos de ouvidos
que me ouvem cantar.
E já não sei
brincando com a filha
se a luz é memória
ou domicílio.
[Casimiro de Brito]
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
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