Ás seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução
[Marina Colasanti]
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
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Lu,
ResponderExcluirUma bela poesia da Marina Colasanti - uma dura realidade. Parabéns.
Abraços,
Pedro.
Pedro Luso,
ResponderExcluirSinto-me honrada com a visita
e mto feliz com seu comentário.
Obrigado e seja sempre muito bem vindo!
Abraços,
Lu.