quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

um dia



Um dia quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços,a tua pele será talvez
demasiado bela e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
Um dia quando a chuva secar na memória.
quando o inverno for tão distante,quando o frio responder devagar
com a voz arrastada de um velho,estarei contigo e cantarão pássaros
no parapeito de nossa janela,sim, cantarão pássaros, haverá flores,
mas nada disso será culpa minha,porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nenhuma palavra,nem o princípio de uma palavra,
para não estragar a perfeição da felicidade.

[José Luis Peixoto-a criança em ruínas]

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